segunda-feira, 17 de maio de 2010

"Baladas"

Eu não aguento mais ouvir ou ler essa maldita palavra "balada". Será possível que as pessoas não percebam o quão ridículas elas são denominando uma festa de "balada"? E o que dizer daquelas pessoas emitindo a frase mais horripilante já inventada pela humanidade: "qual é a NOITE hoje?". Parem com isso.
Como em todo o fim de semana, eu pego meu carro e vou dar uma volta pela cidade para pensar um pouco na vida e achar soluções para ela. Algo me impede e eu não demoro muito para descobrir o que é: pessoas. Ah, como eu odeio pessoas. Logo na minha primeira parada em um posto para abastecer, a minha vida começa a piorar. Lá estão aqueles inúteis em volta de um carrão, ouvindo uma música nojenta em um volume ensurdecedor, bebendo e fumando, com a camiseta mais curtinha possível (não importa o frio que faça) para tentar atrair umas "gatinhas" (outra palavra horrível) mostrando o bíceps inchadinho do treino que fez há algumas horas. Tomara que fiquem bêbados e morram no primeiro poste que aparecer.
Saindo de lá o mais rápido possível, pois aquela cena me perturbava, passo na frente de uma famosa "balada" e é aí que a vontade de me atirar pela janela do carro em alta velocidade, ser atropelado por um ônibus na queda e ser comido por larvas aumenta. Lá estão aqueles babacas na frente do lugar, reunidos em grupinhos. Todos os grupos são exatamente iguais: um otário com uma garrafa de sprite misturada com algum destilado nojento, bebendo para mostrar que ele é o bêbado da turma. Outros infelizes berrando e rindo alto para chamar atenção com aqueles cabelos entupidos de gel e mais alguns bebendo cerveja para completar o círculo dos otários.
Na imensa fila para entrar na "balada", é hora das mulheres. Eu não vou poupar vocês. Começo com aquelas chatas que deixam no nick do msn "noite" ou "balada". Ficam berrando junto as amigas com aquelas vozinhas finas e irritantes para mostrar aos outros que estão se divertindo e que são as festeiras da turma. Parem de berrar. Só vai na festa, te diverte e fica quieta. Também tem o grupo das patys cheias de sí: ficam na fila com aquela cara de mal humor, todas produzidas, sabendo que todos os homens do lugar querem comê-las e que elas vão esnobar, pois são as superiores do local. Adoram dizer que "só vim pra dançar". Porra, se tu só quer dançar, fica em casa, liga o som e dança. Vai me dizer que pra dançar tem que se produzir, escolher roupa, colocar um salto, pagar 30 reais (ou mais), ficar socada num lugar entupido de gente, suar feito uma porca e ir embora toda suja parecendo que foi estuprada por um elefante? Não é possível que alguém goste tanto assim de dançar. A real é que elas estão ali para atraír os machos e ter o seu ego inflado quando passarem pelo grupo do babaca com a garrafa de sprite e eles e seus amigos chuparem os dentes tentando demonstrar tesão. Se tu não sabe, a dança é o primeiro passo para o acasalamento. Sendo assim, tu vai pra festa em busca de SEXO.
Também tem o grupo das babacas que acabaram de completar 18 anos e acham que são as adultas. São aquelas que passam o dia inteiro lendo Harry Potter e assistindo seriadinho e vão para as festas tentando imitar as mulheres que elas assistem nesses seriados chatíssimos. Essas não duram muito tempo, pois a mamãe não deixa ficarem até tarde. Voltam pra casa para continuar o Harry Potter ou brincar de jardim de infância com as amiguinhas que vão dormir juntas.
Mesmo sentindo toda a raiva que um ser pode suportar, eu resolvo entrar na maldita festa com esperanças de que eu vou encontrar uma pessoa diferente. Grande cagada. Parece que eu entrei no hospício. Uma gritaria avassaladora, uns xaropes berrando para chamar atenção, uns fedorentos se contorcendo para fumar um maldito cigarro em meio a multidão, todos suando naquele calor inaceitável. As mesmas mulheres que não querem ser tratadas como objetos estão vestidas como um; os homens atacam-as como num campo de acasalamento; os perdedores sem coragem de falar com elas bebem até vomitar. Uns otários saem na porrada para mostrar que são os machos dominantes da floresta, numa clara falta de controle sobre seus instintos.
Não aguento mais e vou embora. Lá fora estão as meninas em coma alcoólico vomitando o bile, um pitboy ridículo em um carro terrível com um "batidão" insuportável torrando a paciência dos moradores da rua. Alguns círculos de otários restam em volta de outros carros. Uns infelizes tentando mostrar que estão bêbados, ficam berrando e atirando garrafas no chão. Resolvo ir para casa quando um vendedor ambulante berra com toda a sua força direto na minha orelha: DOIS LATÃO POR CINCO. Primeiro: não berra; segundo: se eu quiser, eu peço. Não é berrando no meu ouvido que vai me dar vontade de comprar a cerveja de ti. Não posso entrar no meu carro, pois um flanelinha acha que eu devo algo para ele só porque ele moveu os braços enquanto eu manobrava e que, supostamente, estava cuidando do carro. Eu já pago seguro e imposto pra isso. Quase entro numa batalha glacial para entrar no carro. No trânsito, não posso olhar para o carro ao lado, pois corro o risco de ter o meu destruído e ser espancado por um playboy metido a maloqueiro que, inseguro de sí, acha que todos olham para ele em tom de deboche e desafiador.
Acabem com essas "baladas". Eu não suporto mais. Até quando? Até quando teremos esses lugares que não passam de arenas para disputa de egos. Quem parece mais feliz, quem parece beber mais, quem parece mais bonito, mais pegador e por aí vai. Morram todos e me deixem em paz.