quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Fumantes são ridículos

Fumantes, em geral, são ridículos. São raros os que fumam por serem viciados. Esses raros, são os velhos. Eles têm todos os motivos para acabarem caindo na idiotice de fumar, pois cresceram em um ambiente onde não se tinha conhecimento dos malefícios que isso poderia trazer. Tubo bem. Esses eu deixo passar. Mas não deixo os jovens universitários. Sempre que estou tranquilamente sentado em algum lugar do saguão da faculdade onde estudo, seja lendo algum texto, ouvindo música ou simplesmente esperando o próximo período, sou interrompido por algum jovem que acende um cigarro e assopra aquela fumaça fedorenta. Por algum motivo, sou obrigado a aturar tal situação e, se eu reclamar, sou “grosso” e “estúpido”. Sou chato, dizem eles. Chatos e estúpidos são todos vocês que acendem essa imundice e me obrigam a respirar isso.
Além do mais, me impressiona a direção da faculdade - ou quem quer que seja o responsável por isso - não ter proibido o fumo no saguão. O lugar tem teto e, caso vocês sejam burros o suficiente pra não saber disso, a fumaça sobe. Ou seja, ela não vai embora com facilidade. Ela permanece ali por horas e todos nós que não fumamos temos de aturar o fedor inacreditável dos cigarros desses imbecis. No intervalo, a situação é ainda pior. O fedor é multiplicado. É um festival de fumaça. É visível como todos que fumam ali não apenas fumam; eles desfilam. Exibem o cigarro. Alguns nem tragam. É ridículo. Fico observando os que não tragam: as bochechas incham e eles assopram a fumaça o mais rápido possível. Os que tragam, escolhem o ponto mais visível da faculdade para que todos os vejam. Alguns até fazem pose quando largam a fumaça da boca. Pensam que estão sendo fotografados, que são personagens de algum seriado ou estão em um filme. E é justamente por isso que a cena se torna ridícula e não admirável como eles acham que é. Os homens pensam que são os cafajestes galanteadores com o charme do cigarro. As mulheres pensam que passam a impressão de fêmeas fatais. Pensam que assim estão sendo mulheres seguras e independentes. Não são.
O que acontece, então, comigo e com o restante dos não fumantes? Temos que sair do lugar onde estávamos. Como a fumaça contamina todo o saguão, apenas mudar de lugar não adianta. Tenho que sair do prédio. E se estiver frio? Ou chuvendo? Ou se eu quiser apenas sentar num banco? Não posso. Seja qual for a minha decisão, ficarei desconfortável para que o ridículo do fumante tenha todas as regalias e possa aproveitar o cheiro inaproveitável do cigarro. Percebendo essa situação de histeria, pergunto: que lógica é essa? Não teria que ser o contrário? Aquele que quer fumar é quem deveria sair do prédio, ou seja, ir para o desconforto, pois é ele quem atrapalha o estado natural a sua volta. É como eu acender cordões de fedor no meio de todo mundo e, caso alguém venha reclamar - o que é muito provável -, eu argumente que gosto daquele cheiro e alegue que é um “direito meu”, como alguns desrespeitosos dizem. Que direito é esse? Fumar? Quer fumar? Lá na rua. “Ah, mas tá frio”. Que frio, safado? Tu não é o fodão viciado em cigarro? Que vício é esse que desaparece por causa do frio? Por qual motivo os meus cordões de fedor seriam reprimidos, mas não o cigarro de vocês?
Não me importo se o cigarro faz mal a saúde de vocês. Para mim, isso é algo positivo. Essa não é a minha briga. A minha briga é pelo meu sossego. É obrigação da universidade proibir cigarros dentro dela. E não importa se o saguão em questão - o da faculdade onde estudo,- é aberto. Ainda assim, esse local é configurado como parte integrante do prédio, portanto, como em todos os prédios, qualquer atividade voluntária que gere desconforto ou, como no caso, danos a saúde de quem quer que seja que ali estiver, deve ser proibida. Alguém deve tomar providências para que se instale o “proibido fumar” e faça com que os fumantes fumem apenas na parte de fora de qualquer dependência da universidade. Na verdade, o ideal seria a construção de uma caixa onde apenas lá seria permitido fumar. Isso mesmo. Trancafiados, tendo toda a sua adorável fumaça apenas para si. Será que os fodões dependentes de nicotina aceitariam? Duvido. Não teríam como se exibir para os outros. Mas, se isso fosse feito, enfim, eu teria paz. Porém sei que é um tanto quanto radical. Sou compreensívo. Podem fumar. Mas lá fora. Longe de mim.